Outro dia estava pensando se essa crise teria algum propósito maior que pudesse beneficiar todas as pessoas coletivamente e não apenas os interesses de alguns grupos financeiros e econômicos. Daí achei que estava indo longe demais e deixei pra lá. Pensei em outra coisa e fui trabalhar.
Mas de repente, navegando na internet, dei de encontro com uma matéria do começo da crise que dizia “mesmo antes da crise já era possível perceber uma mudança de poder, com a crescente influência de outras partes do mundo”. Essa afirmação feita pelo historiador Paul Kennedy, diretor de Estudos de Segurança Internacional, da Universidade Yale, me chamou a atenção. Ele discute no livro “Ascenção e Queda das Grandes Potencias” o declínio do domínio econômico dos Estados Unidos.
Bem, voltei a pensar na causa que essa crise tem guardada. O seu propósito é reforçar o movimento de uma grande mudança mundial que irá beneficiar as pessoas de todo o mundo.
A questão nesse caso, não é que o poder estará trocando de mãos, como aconteceu após o fim da guerra fria, em que os Estados Unidos assumiram uma posição única de domínio, bélico e econômico. Agora está havendo um reposicionamento da ordem mundial com o surgimento de forças que compartilharão o poder tornando-o mais equilibrado entre as principais nações do planeta.
Para Kennedy, essa crise está migrando do momento unipolar para um mundo multipolar, onde as nações estarão criando uma realidade concreta para interferir positivamente na perspectiva econômica e geopolítica do planeta.
O equilíbrio ocorrerá não somente porque acabará o domínio de um sobre os demais, mas porque as nações, para sobreviverem adequadamente, terão que agir de forma interconectada a fim de garantir o equilíbrio econômico e de consumo dos produtos no contexto do mundo globalizado.
Essa mudança será cada vez mais forte e significativa porque as nações estão descobrindo a real interdependência entre elas e que o jogo terá que ser favorável a todos simultaneamente para promover benefícios mútuos entre as nações. É certo que os Estados Unidos espernearão ainda por um tempo, mas terão que ceder a nova ordem econômica mundial, pois a China, a Coréia do Norte, Israel, Ásia, Índia, Rússia estão aí para não deixar as coisas ficarem como estão. Sem deixar de contar com o Japão, a Alemanha e a França.
O melhor de tudo isso, é que o Brasil é o líder entre os países latinoamericanos e pode ter papel preponderante nesse movimento como um destacado articulador e agente de cooperação econômica entre os principais países que compõem a nova ordem mundial. Quem diria, hein!
Já que tudo é Sustentabilidade, essa crise tem um perfil de responsabilidade social incomensurável. Ao provocar o equilíbrio das forças econômicas estará contribuindo para as pessoas de todas as nações terem acesso a recursos e benefícios mais justos do que aqueles previstos anteriormente apenas para as nações e empresas globais poderosas.
Essa não é a visão de sustentabilidade demonstrada pelas empresas globais? Então, agora terá que valer para todo mundo.
Enquanto alguns ficam imprimindo nas duas faces do mesmo papel e esperando o Carnaval chegar, vamos pensando como o mundo será depois que essa crise passar.
Afinal de contas, pensar grande não faz mal a ninguém.